Unitron Mac 512: Um Mac 512K Contrabandeado do Brasil

Em 1984, nascia na California, o Como o Brasil não permitia a importação de microcomputadores até 1993, tudo o que os usuários queriam tinha que ser fabricado para o mercado local. Para aqueles que queriam um Macintosh, a Unitron criou o Mac 512, essencialmente um clone do “Fat Mac” de 512 KB.

Unitron Mac 512, o primeiro clone de Macintosh.

Rainer Brockerhoff do Brasil escreve: "É uma longa história, mas aqui estão os destaques. Os fatos são como me foram contados na época, mas não tenho como verificar as partes políticas.

"O clone foi feito por volta de 1985 pela Unitron, uma empresa brasileira que tinha uma linha de clones de Apple II muito bem-sucedida. Inicialmente, o plano era fazer um Mac brasileiro sob licença da Apple; no entanto, a Apple não aceitou menos de 51% de participação na operação, o que naquela época era especificamente proibido pela lei brasileira.

Unitron Mac 512 com dois drives de disquete.

"A Unitron prosseguiu de qualquer maneira, obtendo um empréstimo de $10 milhões de um banco governamental e, com a ajuda de laboratórios universitários e da National Semiconductor, conseguiram fazer engenharia reversa dos chips ‘customizados’ do Mac: o controlador de disquete (que era simplesmente uma versão de um chip da placa controladora do Apple II), o relógio em tempo real e os chips PAL.

"Enquanto isso, uma equipe de software fez a engenharia reversa da ROM, com base nas especificações do 'Inside Mac'. Eu era consultor dessa equipe e eventualmente fiz a maior parte dos gerentes do Toolbox... tudo foi codificado em C, exceto por alguns drivers de dispositivos críticos e o emulador QuickDraw que foram feitos em linguagem Assembly. Como resultado, a ROM resultante era originalmente o dobro do tamanho da da Apple... de fato, na versão final enviada, ela foi substituída por RAM estática, que era carregada de um disquete especial de pré-inicialização.

Logotipo antigo da Apple colorido com a fonte Motter Tektura

"Enquanto isso, a Apple havia de alguma forma obtido um protótipo de hardware inicial que ainda continha uma ROM de Mac real, usada para testes de compatibilidade dos chips. Eles prontamente denunciaram a situação e pressionaram o governo brasileiro por meio do Departamento de Estado. Diante de ameaças de barreiras de importação para sapatos e laranjas brasileiros (assim me dizem), o governo rapidamente recuou. Na época, uma licença especial era necessária para fabricar computadores no Brasil. O caso da Unitron parece ser o único onde dois relatórios contraditórios foram arquivados pelos avaliadores oficiais: um relatório técnico que elogiava o projeto como um excelente exemplo de engenharia reversa e engenhosidade técnica, e um relatório político que denunciava o projeto como um desprezível roubo de segredos comerciais.

Parte traseira do Unitron 512
A Unitron usou a fonte Motter Tektura, a mesma que a Apple usou nos primeiros modelos do Apple II.

"Desnecessário dizer que o projeto foi cancelado – mais de 500 máquinas já haviam sido feitas e estavam prontas para serem enviadas – e a Unitron sofreu um sério impacto financeiro (eles ainda estão pagando juros sobre aquele empréstimo).

"Os designs dos chips foram posteriormente vendidos para uma empresa taiwanesa que também falou em produzir um clone do Mac. Houve uma reportagem na revista Byte na época, mas não consigo lembrar o nome deles agora. Os advogados também desceram sobre essa empresa, e eles não foram mais ouvidos desde então.

"A Unitron foi posteriormente redimensionada. Hoje, eles fabricam equipamentos eletrônicos industriais e ainda produzem pequenos números de clones de Apple II, que aparentemente ainda são usados como controladores de iluminação de palco e coisas semelhantes."

Parte traseira do Unitron 512
Outra versão (mais tarde?) não usava a fonte Motter Tektura.

Há alegações de que a Unitron não fez engenharia reversa das ROMs da Apple, mas, em vez disso, clonou as ROMs com algumas mudanças menores. Essas alegações provavelmente se baseiam no protótipo que continha ROMs de Mac e foi usado para testes de compatibilidade. O Mac 512 tinha 128 KB de ROM, o dobro do Fat Mac.

Rainer observa que o código ROM foi escrito em uma mistura de linguagem C e Assembly.